Cada um de nós tem sua bagagem a carregar, não passamos
incólumes por esta vida, a cada dia
vivenciamos diferentes situações,
algumas marcantes outras nem tanto , porém as “nem tanto” às vezes é o refresco que precisamos para recarregar a energia para as vindouras.
Desde muito cedo ouvimos
dos mais velhos, “tudo passa”, concordo que passe em tempo, mas não em
esquecimento, se ao contrário fosse os consultórios psicológicos não estariam
abarrotados de pessoas, os livros chamados de “auto ajuda” não fariam tanto
sucesso e a vida espiritual não estaria em ascensão.
Somos verdadeiros depósitos de experiências, refletidas
em perfis pessoais que muitas vezes nem nós mesmos
acreditamos.
Personalidades esculpidas através do tempo de acordo com as
situações vividas.
Ora, se nossas experiências de vida, não podem ser vistas
separadamente de um núcleo social ,
logo percebemos que o “núcleo” tem
grande influência sobre o que nos
tornaremos como pessoas; se nos
desenvolvemos em um ambiente saudável,
onde a paz e a tolerância e o respeito
são praticados na intimidade do lar, é
certo que a “extensão” desse núcleo
desenvolverá em sua vida tais virtudes
de personalidade e dará continuidade em outro núcleo familiar.
Já ao contrário disso, outros núcleos que deram continuidade
a falta de respeito ao outro ser,a
intolerância, violência e outros aspectos negativos que comumente encontramos
em nossa sociedade, igualmente estarão disseminando tais aspectos
nas vidas que ali estão.
Portanto, somos inteiramente responsáveis pelo ambiente em
que vivemos. Sabendo disto, possuímos
a capacidade de mudar ou não nosso núcleo familiar e social, sabendo que
temos responsabilidades iguais diante do comportamento do outro. A célebre
teoria da “Lei da ação e reação”.
Se
estamos em um núcleo onde discordamos de certas atitudes e valores, cabe
somente a nós mesmos fazermos acontecer e mudar em detrimento das novas
gerações e a nós mesmos.
A observação e
coragem de mudar é essencial para que realizemos o propósito seja ele
qual for, não podemos nos acomodar em um
padrão que nos foi passado “pronto”,
assim como as receitas culinárias, recebemos de uma forma, mas podemos dar uma
incrementada no molho, se este não estiver de acordo com o nosso paladar.
É fato que existem fatores genéticos que carregamos e
dificilmente nos livraremos deles, mas podemos sim dar uma polida, uma
lapidada, caso contrário estaríamos vivendo ainda no tempo das cavernas. Se não
apreciamos (com consciência)o que vemos no outro, obviamente não queremos para
nós o mesmo, aí começa a transformação.
Precisamos ser mais responsáveis ao criarmos nosso próprios núcleos e fazer que este seja agradável a todos os
envolvidos, temos sim o dever de ser
amigáveis e bons uns com os outros, de ser feliz com a felicidade do outro, nos
livrarmos do excesso de bagagem que normalmente nos causa dor e
sequer temos forças para carregar. Compreender
o “núcleo” em que cada um se
desenvolveu é fundamental para aceitar
mas não compactuar com certos comportamentos, e fazer acontecer a
própria mudança.
As cicatrizes adquiridas no percorrer da vida, não
desaparecerão, mas servirão como um
lembrete do que deve ou não ser feito,
cabe exclusivamente a cada um de nós. Jamais em tempo algum alguém que magoou
ou feriu alguém em algum momento da
vida saiu ileso sem ser atingido também,
muitas vezes, nos fere muito mais, ou as consequências são desastrosas . Tudo
isso pode perfeitamente ser evitado, desde que tenhamos consciência dos nossos
atos (usarmos o “freio de mão”) e da
necessidade urgente de transmutar
as influências do passado.
Então, as coisas não passam, ficam em nosso arquivo da
memória, nos cabe desenvolver discernimento o suficiente para manter o arquivo
sem que ele nos faça mais pesados e presos
a uma situação que ocorreu no
passado,que tenhamos paciência com nossas dores, procuremos olhá-la de frente e com coragem dizer eu sei que você
existe, sei que me fez sofrer, mas te aceito como lembrete de "como fui forte e capaz de ser melhor depois disto".
Daisi Oliveira de Souza
15 de Janeiro de 2013.
Análise perfeita tanto da visão do racional que vai influir de forma profunda no emocional de cada um. oO texto me fez distanciar da forma usual (cultural) religiosa onde tudo pode ser perdoado (por humanos ou forças divinais) e por tanto, esquecido, não havendo assim mais nenhum problema emocional ou existencial... Parabéns!!!
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