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sexta-feira, 27 de junho de 2014

O Individual e o Coletivo - Eckhart Tolle





Toda emoção negativa que não é plenamente enfrentada nem considerada pelo que ela é no momento em que se manifesta não se dissipa por inteiro. Deixa atrás de si um traço remanescente de dor.

Para as crianças, em especial, as emoções negativas muito fortes são tão insuportáveis que elas não conseguem enfrentá-las, por isso tendem a evitá-las. Na ausência de um adulto consciente que as oriente com amor e sensibilidade a lidar de forma direta com esse tipo de emoção, a decisão de não sentir é, na verdade, a única opção da criança naquele momento.

Infelizmente, em geral, esse mecanismo básico de defesa continua a vigorar até à vida adulta. A emoção sobrevive sem que a pessoa perceba e manifesta-se de maneira indireta - por exemplo, como ansiedade, raiva, explosões violentas, mau humor ou até mesmo como uma doença. Em alguns casos, ela interfere em todos os relacionamentos íntimos, podendo até mesmo sabotá-los.

A maioria dos psicoterapeutas tem pacientes que, no início, afirmam ter vivido uma infância feliz, mas, com o tempo, o oposto acaba se revelando. Embora esses exemplos possam ser extremos, ninguém passa pela infância sem experimentar algum tipo de sofrimento emocional. Mesmo que nossos pais vivessem de modo consciente, teríamos sido criados num mundo que, em grande parte, permanece inconsciente.

As sobras de dor deixadas para trás a cada forte emoção negativa que não é enfrentada, aceita e depois abandonada de forma plena juntam-se formando um campo energético que vive em cada uma das células do corpo. Elas incluem não só os sofrimentos da infância como as emoções dolorosas que se agregam a eles depois, na adolescência e durante a vida adulta - e essas dores, em grande parte, são criadas pela voz do ego. É o sofrimento emocional que passa a ser nosso companheiro inevitável quando uma falsa sensação do eu é a base da nossa vida.

Esse campo energético de emoções muito antigas, mas ainda vivas, que subsiste em quase todos os seres humanos é o corpo de dor.

O corpo de dor, porém, não tem uma natureza apenas individual. Ele também engloba o sofrimento experimentado por um número incontável de pessoas ao longo da história da humanidade. Essa dor se caracteriza por um conflito tribal ininterrupto, escravidão, pilhagem, sequestros, torturas e outras formas de violência. Tal sofrimento ainda vive na psique coletiva e é aumentado todos os dias, como podemos constatar quando assistimos aos noticiários ou presenciamos os conflitos nos relacionamentos entre as pessoas. O corpo de dor coletivo é provavelmente codificado dentro do DNA de cada ser humano, embora não o tenhamos descoberto ainda.

Todo recém-nascido traz um corpo de dor emocional. No caso de alguns bebês, ele é mais pesado e mais denso do que em outros. Algumas dessas crianças são muito felizes na maior parte do tempo, enquanto outras parecem carregar uma imensa quantidade de infelicidade dentro de si. É verdade que há bebês que choram demais porque não recebem amor e atenção suficientes, porém outros choram sem nenhuma razão aparente, quase como se estivessem tentando tornar todos ao redor tão infelizes quanto eles próprios - e geralmente conseguem.

Eles chegam a este mundo com uma porção significativa do sofrimento humano. Existem ainda os recém-nascidos que choram com frequência porque sentem a emanação das emoções negativas do pai ou da mãe, e isso lhes causa sofrimento e também faz seu corpo de dor aumentar pela absorção da energia dos corpos de dor dos pais. Seja qual for o caso, à medida que o corpo físico do bebê cresce, o mesmo acontece com o corpo de dor.

Uma criança pequena que tem um corpo de dor leve não será necessariamente um adulto "mais avançado" em termos espirituais do que alguém com um corpo de dor denso. Na verdade, em geral acontece o contrário. Quem tem um corpo de dor pesado costuma ter mais chance de despertar espiritualmente do que quem possui um corpo de dor leve. Embora algumas dessas pessoas permaneçam presas ao seu corpo de dor pesado, muitas chegam a um ponto em que não conseguem mais viver com a infelicidade, e assim sua motivação para despertar se fortalece.

Por que o corpo de Cristo em sofrimento, sua face distorcida em agonia e seu corpo sangrando com numerosos ferimentos, é uma imagem tão significativa na consciência coletiva da humanidade? Milhões de pessoas, sobretudo na época medieval, não teriam tido uma afinidade tão profunda com ele, caso alguma coisa dentro delas mesmas não estivesse em consonância com essa imagem, se elas não a tivessem inconscientemente reconhecido como uma representação exterior da sua própria realidade interior - o corpo de dor.

As pessoas ainda não estavam conscientes o bastante para reconhecê-lo dentro de si mesmas, porém era o começo da sua tomada de consciência em relação a ele. Cristo pode ser considerado o arquétipo humano, incorporando tanto o sofrimento quanto a possibilidade de transcendência.

Eckhart Tolle

(Ego: conjunto de aproximadamente 12 mil vírus mentais, (eus), que se replicam e assumem o controle da mente).

sábado, 14 de junho de 2014

Corrigindo o Modo de pensar -2



Se  fosse possível resumir todos os sentimentos espirituais numa única frase, esta chegaria bem perto: 
" Faça  com que seu estado mental seja mais importante do que o que  você estiver  fazendo"

Tenho praticado o suficiente para saber que o ato de esvaziar a mente e deixar os pensamentos fluírem é bem melhor e mais saudável do que  a sensação oposta. Embora  já tivesse dado alguns passos  na direção certa,sentia que meu estado de espiritualidade não  estava completamente em paz. Por que eu tinha que passar por essa pequena provação? Por que não se pode fazer  com alegria meia dúzia  de pequenas tarefas?

Meu erro foi ter deixado as circunstâncias serem mais importantes do que o meu estado de espírito. Agora, para reverter isso, era preciso desbloquear minha  mente. Para isso, era  necessário cumprir  três etapas:

1ª -  Para  eliminar  o que impede a experiência  de plenitude e paz,você precisa examinar o impedimento.

[...]  Para falar a verdade  eu não estava exatamente  irritado por ter  interrompido meu trabalho para  fazer os cachorros  quentes para  os  meus  filhos, apenas me sentia um tanto  chateado com a sensação de que estava deixando de fazer   coisas  importantes e,claro, em conflito por estrar experimentando todos  esses  sentimentos.[...]

Quando me aprofundei no que estava sentindo, encontrei o pensamento que estava  bloqueando tudo: " Eu não deveria ter de  fazer o que não quero fazer" . Mas, logo me dei  conta  de quem  nem  mesmo eu acreditava  nessa ideia. Faço coisas  que não quero fazer  o tempo todo e, neste caso específico, eu queria  fazer   a comida dos meus  filhos e queria  ler  a proposta que  me  foi enviada.

Percebi que, na tentativa de entender o que eu realmente queria fazer, eu teria sabotado todo o  processo de  desprendimento  se houvesse desejado que os meus  filhos ou a situação mudassem.

Sempre  que desejamos  que as pessoas mudem ou que as circunstâncias  nos sejam favoráveis, estamos de  alguma  forma,nos eximindo da responsabilidade  por nosso  estado  mental. É  como se assumíssemos o papel de vítimas e ficássemos  torcendo para sermos poupados. Com certeza, existem vítimas  de verdade, mas  em geral, nos colocamos  desnecessária mente  neste  papel. E fazemos  isso todos os dias.

Quando o objetivo é manter o senso  de integridade, independente do que acontecer à nossa volta,não nos tornamos vítimas. Nada  fica  "fora de controle" se quisermos. Somos  nós que  deixamos  as pessoas  e as situações  serem quem são e o que  são. Isto não quer  dizer que aprovamos a maneira como se comportam e também não significa que deixamos de nos proteger das pessoas  destrutivas.

O problema é que pressionar  o coração dos outros não  muda  seus  corações. Apenas c ria um conflito,que divide a mente e confunde as nossas emoções. Ninguém em tempo algum se tornou  mais sensível ou mais  ponderado por ser julgado,maltratado ou atemorizado.


2ª  etapa: Para  superar o bloqueio, você precisa ter muita clareza do que quer.

Esta etapa parecia fácil. Afinal eu queria  fazer os cachorros quentes,atender o pedido dos meus  filhos e ser capaz de alterar  minha agenda  de trabalho - Tudo isso  em paz. 

Para  falar a verdade eu ansiava pela paz mais do que o pensamento que a estava bloqueando.
Refleti sobre  minha sinceridade a respeito de tudo isso. 
Achei que estava bem sólida.
Ok. Etapa resolvida.

3ª etapa: Para atingir a plenitude,você  deve reagir a partir da mente  íntegra, não da mente em conflito.

Esta etapa já soava  mais  difícil. Para  começar, era preciso descobrir a plenitude  que existe  dentro  de cada um de nós. Que todos  nós a possuímos é fato, mas trazê-la  à tona  é outra história. Em geral, nos sentimos  em paz quando estabelecemos uma ligação  amarosa  com as outras  pessoas. Mas, se a mente arrisca um pensamento perturbador e se as duas  primeiras etapas desse processo não forem realizadas com sinceridade, corre-se o risco de escorregar  e cair  nova,ente  no velho estado mental conflitante.

Para evitar esse risco é preciso  agir  com pureza  de alma. Será que  sinceramente  desejamos a paz aos  que  estão à nossa volta? Será que sinceramente desejamos uma mente que  conheça a  serenidade e que tenha  uma profunda ligação como nosso  parceiro(a), com nosso filhos, pais, irmãos e amigos? Ou seria  melhor resguardar nosso coração e permanecer em posição  de julgar  e de estar  sempre  com a razão?

Esta etapa pode se tornar um tanto complicada, especialmente se surgir a tentação de controlar nossas emoções mais destrutivas e impulsos mais  sombrios. Esses sentimentos  de fato exigem controle,mas a verdade é que não se  está em guerra  com as circunstâncias ou comportamentos e pensamentos. É exatamente o contrário. 

Quando se está numa batalha inútil, o melhor  a fazer  é abandonar o campo de batalha.

A razão pela  qual um bicho traz  felicidade a seu dono, um filho a seus pais e uma mulher a seu marido, é  que sentimos amor. Quando não se ama, o mais dedicado bichinho,planta,filho ou amante não tocará o nosso coração.

Por milhares de anos, nos disseram que o amor é maravilhoso. A  maioria das pessoas acredita que ser amado é uma sensação maravilhosa. E é. Mas, antes de  você conhecer  "o amor", é preciso amar. Quando se ama, você recebe mais  do que a sensação  de  ser amado. 

Como é  fato que, as pessoas  amam, elas  ficam completamente envolvidas na sensação do amor,há pais e mães que se sentem felizes por serem amados  pelos  filhos problemáticos,seus  bichinhos  complicados  e seus  parceiros obesos. Encontramos casais  muito idosos que, obviamente,não são mais atraentes como eram, mas  conseguem enxergar e sentir a beleza do amor.
Para  que isto aconteça, basta acessar sua mente amorosa e tranquila - Não a mente  preocupada e fragmentada.

Saiba que ninguém passa diretamente de uma abordagem conflitante  para  uma  de pura unidade  e paz. Para ser realista,fazer o melhor possível hoje  já é  ótimo. Basta  um pequeno progresso a cada  dia, afinal, é o rumo que importa. Este  é, sem dúvida, um objetivo mais  estimulante  e mais  produtivo do que  tentar  a realização  total e plena.

Hugh Prather






Corrigindo o modo de pensar - 1




Uma mente tranquila vê o que está aqui. 

Uma mente ocupada vê o que não está aqui. 

Aquele que está presente é nada mais nada menos do que aquele que está presente. 

Portanto, você pode pensar o que quiser sobre as pessoas, 

mas saiba que isso não vai transformá-las. 



Nossa vida é cheia de batalhas inúteis exatamente porque nossa mente é cheia de pensamentos inúteis. Sofremos por histórias do passado como se elas ainda estivessem acontecendo e temos o hábito de ficar ruminando sobre o que acabamos de fazer. É preciso esvaziar a mente. Quando não conseguimos nos desvencilhar dos pensamentos negativos,eles diminuem nossas chances de ser feliz. 

É o caso da sogra que não consegue aceitar seu genro porque ele é do tipo que usa piercing no nariz e algum escondido em outra parte do corpo. Ela está apenas atacando sua própria capacidade de amar. Sua rejeição não mudará o genro, nem o amor que sua filha sente por ele - apenas a afastará do amor da filha. 

Hugh Prather - “ Não Leve a Vida Tão a Sério”